23/02/2008

O que nós somos em Cristo Jesus? (Parte 02)

O auto conhecimento é essencial para o homem alcançar o sucesso em todos os seus objetivos. Na vida cristã, não é diferente: para vencermos os obstáculos, é vital conhecermos o que nós somos tanto como indivíduos (membros no Corpo), quanto como coletividade (igreja) em Cristo Jesus. O apóstolo Pedro relaciona quatro conceitos que representam de forma integral a concepção do homem cristão: Raça Eleita, Sacerdócio Real, Nação Santa e Povo de Propriedade Exclusiva de Deus.
1. Nós somos Raça Eleita:

Raça (do grego "genos") possui o sentido de "geração", "linhagem", "ascendência", isto é, compreende a sucessão de descendentes (gerações) a partir de um único antepassado que deu origem àqueles indivíduos. Cabe comentar que, o termo português "gene" (que se originou desta mesma palavra), pode ser definido como sendo a "porção de um cromossoma, considerada como a unidade hereditária ou genética, visto ser responsável pela transmissão das características hereditárias de uma geração para a seguinte" (fonte: dicionário online Priberam), ou seja, gene está relacionado ao código genético ou DNA. A ciência afirma que este código contém toda a informação necessária para a formação e funcionamento de um organismo vivo, ou de maneira simples, a "linguagem" da vida. Logo, neste contexto, pode-se inferir um significado para "raça" como o conjunto de indivíduos que compartilham o mesmo "código da vida" (DNA) - possuindo natureza semelhante - originados de uma mesma fonte (um único ser).

Trazendo este conceito, para o contexto da Palavra, está escrito que: "a todos quantos o receberam [o Verbo de Deus, Cristo Jesus], aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus" (Jo 1:12-13). Ora, todos os cristãos, no momento em que creram em Jesus, receberam de Deus a Sua Vida, o Seu "código genético", de modo que, a partir daquele momento, se tornaram Filhos de Deus, co-herdeiros de Cristo (Rm 8:17; Ef 3:6; Tt 3:7), compartilhando a mesma natureza divina (2 Pe 1:4). É este o novo nascimento revelado por Jesus a Nicodemos:

"Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo." (Jo 3:5-7)

Antes de se entender o que significa esta nova natureza concedida ao cristão, todavia, cabe compreender o porquê da necessidade do novo nascimento. Em Romanos, no capítulo 3, Paulo descreve a terrível situação que se encontra a humanidade:

"como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios; a sua boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Nos seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos. (...) Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (vs 10-18, 23)

Sabemos que o propósito de Deus para o homem não era este. Quando Ele criou a humanidade, por meio de Adão, passou para ele Sua Imagem e Sua Semelhança (Gn 1:26a), melhor dizendo, a sua natureza e caráter. Ele comunicou ao homem seus atributos morais (santidade, justiça, bondade, verdade, etc), além de sua espiritualidade (comunhão com Deus)e liberdade (livre arbítrio), enfim, toda a Sua Piedade. Entretanto, quando o homem caiu - dando ouvidos às palavras da serpente e se rebelando contra Deus - algo horrível aconteceu. Ele perdeu a comunhão com seu Criador, tornando-se, assim, Impiedade. Ele assumiu um novo caráter, a natureza oposta de Deus, a de Satanás, a serpente que o enganou. Agora a humanidade era "pó da terra", estava morta espiritualmente, separada do Deus Eterno, condenada à perdição...

O que Deus poderia fazer, então?

O Eterno, em toda Sua onisciência e onipotência, sabia que, para salvar o homem, precisava agir na legalidade; sendo assim, da mesma maneira como o seu adversário agiu, através da ação de um homem, somente através de um outro homem, Ele poderia redimir a humanidade. Para tanto, Deus se fez carne, e veio como homem, Jesus Cristo, o segundo Adão, a fim de se entregar, em sacrifício vivo e santo, a favor de todos aqueles que cressem Nele: "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida" (Jo 5:24).

Portanto, mediante a obra da cruz, Deus cumpriu seu plano de redenção no homem. Ele fez uma nova aliança, arrancando o coração de pedra da criatura corrompida, e, em seu lugar, colocou um coração de Filho de Deus, de carne (Jr 31:33; Ez 36:26-27); introduziu no seu interior um novo espírito, a Lei de Deus, o Torá, a verdadeira Vida Eterna, o "DNA" de Deus! A partir dessa transformação radical do homem interior, o cristão é uma "raça" diversa, uma nova "geração", não mais parecida à serpente, porém da mesma natureza de seu Criador: "pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5:17).

Contudo, não somos simplesmente uma nova raça, mas uma geração ELEITA!

O adjetivo "eleita" (do grego eklektos), nesse contexto, significa "escolhido", "juntado", isto é "Deus tomou para si". E que vem a ser uma "eleição"? Por exemplo, em uma eleição presidencial, pressupõe que haja pelo menos dois candidatos disputando o cargo de Presidente da República, a fim de que o povo possa escolher um deles para exercê-lo. Ora, se houver somente um candidado, na realidade, está deturpado o sentido da seleção e do direito à escolha de cada eleitor, enfim, não existe, efetivamente, eleição. Assim, como o eleitor somente pode escolher diante de um rol de candidatos, também Deus só pode "eleger" alguém se puder selecionar dentre um grupo de pessoas àqueles que Ele desejar para si. Pense bem neste privilégio: dentre todas as criaturas do universo, todo aquele que é nascido de novo foi, de antemão, escolhido pelo Deus Criador para se tornar uma nova criatura, Seu filho!

"Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou." (Rm 8:28-29)

O que vem a ser predestinação? Na teologia histórica protestante, se refere à decisão de Deus tomada na eternidade, em relação ao destino final de cada criatura gerada por Ele, antes do mundo existir. Os critérios adotados por Deus são um mistério. Entretanto, todo cristão tem a convicção em seu interior de sua escolha, corroborada pelo Espirito Santo, o testemunho da promessa da salvação: "Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê, mentiroso o fez; porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho" (1Jo 5:10-11).

Em vista disso, como cristãos, temos a consciência, por intermédio do Espírito Santo, que fomos escolhidos por Deus "antes dos tempos eternos" (2 Tm 1:9), em Cristo, única e exclusivamente pela Sua graça, para santificação e adoção (Ef 1:4-5); para as boa obras (Ef 2:10) andando conforme Cristo andou, percorrendo o caminho que nos foi proposto (Hb 12:1-2) na firme esperança da promessa da glória eterna (Rm 9:23). Este é o real sentido do termo "raça eleita"!

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa muito legal seu blog!!!PARABENS!!!!
Q conteúdo abençoado, que Deus continue te abençoando e te usando.
Graça e paz!!!

Anônimo disse...

tttt