17/02/2008

O que nós somos em Cristo Jesus? (Parte 01)

O homem está em constante busca por conhecimento, principalmente, quando diz respeito a si mesmo (seu interior). A busca pela ciência - no sentido lato da palavra - é algo inerente ao comportamento humano. Pensadores como Sócrates e Sun Tzu já afirmaram que o auto conhecimento é essencial para se alcançar a felicidade - ou o sucesso - seja na vida pessoal, seja em um campo de batalha: “Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo, lutará cem batalhas sem perigo de derrota; para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou para a derrota serão iguais; aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio, será derrotado em todas as batalhas" (Sun Tzu, A Arte da Guerra). Esta é a "guerra" na qual a humanidade está engajada: conquistar a vitória nas "batalhas" da vida. Logo, para se tornar um vencedor, em primeiro lugar, é vital o conhecer a si próprio!

De modo semelhante, nós, cristãos, também estamos em guerra: "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais." (Ef 6:12). Ora, este embate não é natural, mas espiritual. Todo cristão está travando uma batalha constante contra o mundo exterior (principados, potestades, espíritos malignos deste mundo tenebroso). E para piorar essa situação, além desse inimigo externo, o filho de Deus enfrenta um combate contra um adversário terrível: a sua própria natureza carnal, o caráter caído de Adão. Como afirmou o apóstolo Paulo, em sua carta aos Gálatas (5:17): "a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis".

Em toda batalha, o soldado precisa conhecer a si mesmo, a fim de tirar o máximo proveito de suas habilidades na luta, alcançando assim a tão desejada vitória. Como nossa guerra é espiritual, pressupõe que este conhecimento seja espiritual. Sabemos que Deus é espírito (Jo 4:24) e que as coisas divinas somente podem ser discernidas pelo nosso homem espiritual (2 Co 2:14-15 ). Destarte, se quisermos vencer esta luta exterior e interior precisamos conhecer quem é este homem que habita em nosso interior, isto é, o que nós somos em Cristo Jesus?

"Mas vós sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que outrora nem éreis povo, e agora sois de Deus; vós que não tínheis alcançado misericórdia, e agora a tendes alcançado." (2 Pe 2:9-10)

Os cristãos são chamados por Pedro de Raça Eleita, Sacerdócio Real, Nação Santa e Povo de Propriedade Exclusiva de Deus. É interessante que o apóstolo começa caracterizando o crente como indivíduo, primeiro pela sua origem como criatura individual (raça eleita) e pela sua função no universo (sacerdote e rei). A partir desses dois aspectos, ele nos apresenta os outros restantes que são relacionados à coletividade, ao grupo como um todo: Nação Santa e Povo de propriedade exclusiva de Deus. Cabe ressaltar que, de acordo com que os estudiosos da Bíblia afirmam, o número quatro representa uma idéia de totalidade, de plenitude (os "quatro cantos da terra", os "quatro evangelhos"). O que isto quer dizer? Significa que neste pequeno versículo está todo o sentido do homem cristão, não somente no âmbito do indivíduo mas como "ser" coletivo: a Igreja (o Corpo) de Cristo!

Neste contexto, portanto, é preciso conhecer a nossa origem... De onde viemos?... De quem nós fomos gerados? É preciso compreender qual a função que nos foi outorgada: para qual fim existimos neste universo? E por fim, o que somos como coletividade, como Igreja, e qual o papel que desempenhamos neste Corpo! Este é o primeiro passo para que o cristão possa estar preparado para lutar, sabendo qual é o genuíno sentido que ele representa como individuo e como grupo. Somente mediante este conhecimento será possível um avanço reiterante e profundo no território do inimigo para se conquistar plenamente a vitória!