05/03/2008

O que nós somos em Cristo Jesus? (Parte 04)

Para que cada cristão possa enfrentar os desafios que lhe são impostos, é necessário que ele conheça a si mesmo, isto é, esteja ciente do que ele é como Filho de Deus. A Biblia afirma, pelos escritos de Pedro, que TODO crente é Raça Eleita, Sacerdócio Real, Nação Santa e Povo de propriedade exclusiva de Deus.

Como indivíduo, todo aquele que crê em Jesus e experimenta o novo nascimento faz parte de uma nova geração predestinada para andar com Deus, fazendo Sua vontade. Como nova criatura, o filho de Deus assume o papel de sacerdote, em seu relacionamento íntimo com o Pai. Por conseguinte, mediante essa relação vertical ele pode (e deve) trazer ao próximo o reino de Deus, em um relacionamento horizontal, através do amor divino que flue de seu coração de servo; esta é, em síntese, a função do rei: praticar o juízo e a justiça aos pobres e necessitados.

Em âmbito coletivo, nós, filhos do Altíssimo, somos a Nação Santa e o Povo de propriedade exclusiva de Deus:

3 - Nós somos a Nação Santa e o Povo de propriedade exclusiva de Deus!

No original grego, nação (ethnos), significa multidão ou povo; é o mesmo sentido apresentado em Jo 11:51 quando a Biblia afirma que Jesus deveria morrer pela "nação", apontando para o povo de Israel. Como o termo "nação" está intimamente relacionada ao "povo", logo, não se pode separar a declaração "nação santa" e "povo de propriedade exclusíva de Deus", pois, na realidade, ambos apontam a uma realidade espiritual única representada, de modo similar, tanto por Israel, quanto pela Igreja de Cristo. Conclui-se que há um paralelo entre o povo israelita e o povo cristão, quanto nação santa, separada, consagrada a Deus e povo peculiar ou próprio Dele.
Não é coincidência que no português o cognato "etnia" ou "étnico" significa um "conjunto de indivíduos unidos por caracteristicas somáticas (corpóreas ou físicas), culturais e linguísticas" (Dicionário Online Priberam).
A nação de Israel, tem a mesma origem somática, todos vieram de uma mesma carne, um mesmo homem; possuem a mesma formação cultural (padrões de comportamento, crenças, valores morais e materiais, a mesma carga de conhecimento como sociedade); possuem a mesma linguagem, o hebraico, considerada como a lingua primária israelita. Sendo assim, podemos inferir que existem elementos essenciais para formação de uma nação ou país que podem ser identificados não somente no Estado de Israel (antigo ou moderno), mas também presente em qualquer outro país gentio: o Povo, a Língua; o Governo Soberano; o Território e a Finalidade. Assim, todo Estado é formado por um povo, que possui uma língua comum, estabelecido em um território, cujos individuos se submetem a um governo soberano, com um objetivo, uma finalidade comum a toda aquela sociedade.

Ao constituir a nação de Israel, o primeiro ato de Deus foi escolher o Seu Povo, mediante um homem, Abrão:

Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. (Gn 12:1-3)

Deus escolheu um homem para formar dele uma grande nação. Quando o Senhor declarou que "em ti serão abençoadas todas as famílias da terra" significava que, assim como de uma só carne, em um só dia, pela Sua Palavra, formou-se todo um povo (a nação de Israel), semelhantemente, de um só homem, Jesus Cristo, constituiu-se uma grande nação espiritual, a Igreja (Rm 5:19; 1Co 15:21). Ou seja, mediante o Salvador, todas as famílias da terra agora teriam a oportunidade de se tornar uma só família em Deus (Ef 2:19)!

No momento da entrega da Lei, Deus declarou a Moisés que se o povo de Israel O obedecesse guardando Sua aliança, eles seriam a Sua "propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha". O que isso significa? Se analisarmos na Bíblia Hebraica (Ed. Sefer) a palavra utilizada no lugar de "propriedade peculiar" é "tesouro". O termo "tesouro" (no grego "the", de "depósito" e "aurus", de "ouro") significa um lugar onde se guarda as mais preciosas riquezas, aquilo que há de mais valioso e especial. Embora toda a terra seja de propriedade do Eterno, o povo de Israel, e paralelamente, a Igreja de Cristo, é, aos olhos do Criador, o Seu tesouro, o depósito onde Ele guarda as suas maiores riquezas!

Qual é a maior riqueza que Deus pode depositar em Seu tesouro? Em Isaías, o Senhor prometeu a salvação a Israel: "O SENHOR está exaltado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de juízo e justiça. E haverá estabilidade nos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria e conhecimento; e o temor do SENHOR será o seu tesouro" (Is 33:5-6). Preste atenção: "o temor do Senhor será o seu tesouro"! Ora, a biblia também não afirma que o "temor do Senhor é o princípio da Sabedoria" (Sl 111:10; Pv 1:7; Pv 9:10) e que "a intimidade do Senhor é para aqueles que o temem"(Sl 25:14)? Por conseguinte Deus considera o Seu povo como o receptáculo de toda sua sabedoria, de todo o Seu conhecimento, de todo o Seu Ser! Este é o objetivo do Eterno, dar-se a conhecer a todos aqueles que o buscam: "Meu conteúdo será a herança para os que me amam, e eu formarei seus tesouros" (Pv 8:21, Bíblia Hebraica, ed. Sefer). Esta promessa já foi cumprida por intermédio do Senhor Jesus Cristo, como Paulo mesmo disse:

Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o SENHOR; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. (2Co 4:4-7)

Este tesouro é a mente de Cristo, o Espírito Santo de Deus que habita no interior de toda nova criatura, de todo aquele que é nascido de novo, de todo homem que crê e confessa ser Jesus o Senhor, filho de Deus e manifesta ao mundo como homem! É este o privilégio de todo crente, ter a Sua marca gravada em seu coração, ser selado pelo Criador para a salvação! Como antigamente todo rei selava seus bens, seus tesouros com sua marca pessoal, garantindo sua autenticidade, exclusividade e propriedade, assim também o apóstolo Paulo afirma que todo filho de Deus foi selado pelo Espírito da promessa, o penhor (a garantia, a segurança, o testemunho) de nossa herança no Senhor, a fim de alcançarmos a redenção final (de nossa alma e corpo ainda corrompidos) da possessão adquirida para louvor de Sua glória (Ef 1:13-14)!

Todavia, assim como Deus nos concedeu a Sua natureza através de Seu Espírito, Ele é um Deus ciumento e exige exclusividade (Tg4:5)! Portanto, da mesma forma que Ele se deu a conhecer, se entregando por amor a nós, cristãos, temos o dever de nos entregar totalmente a Ele! Assim como em um relacionamento de marido e mulher, o homem deve amar sua esposa tal qual Cristo ama a Igreja, também há a reciprocidade da esposa (a Igreja) em se submeter ao seu marido (Cristo), entregando-se totalmente a sua vontade (1 Co 7:3-4; 2 Co 11:2; Ef 5:22-32).

Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a. (Mt 13:44-46)

O reino de Deus é o próprio Senhor Jesus (Sua sabedoria, conhecimento, riquezas) reinando, vivendo, habitando em nossos corações, sendo tão valioso como o tesouro escondido no campo ou uma pérola de grande valor. Da mesma maneira que o nosso Pai celeste se relacionou conosco, como filhos temos a responsabilidade e privilégio de conhecê-Lo, relacionando-se com Ele. Este é o papel sacerdotal, de manter um relacionamento vertical com Deus.

O livro de Provérbios está permeado da necessidade de se encontrar a sabedoria divina, logo, constantemente afirma a sua importância para o justo, bem como as diversas bênçãos decorrentes dela, levando-o a uma vida longa, boa e agradável, com saúde, cheia de paz e sucesso em tudo o que realizar. Destarte, há uma analogia no modo como homem perscruta um tesouro escondido e a busca pela sabedoria que provém do relacionamento com o Eterno: "pois se buscares a compreensão, e por ela ergueres tua voz, procurando-a como se busca a prata e lutando como se faz por um tesouro" (Pv 2:2-3, Bíblia Hebraica, ed. Sefer)... Como um homem luta por um tesouro? Não seria até que suas forças estivessem totalmente exauridas? Até o último fôlego humano? Tanto é assim que Jesus, bem declarou que o reino de Deus é ganho por esforço (Lc 16:16) e estreito é o caminho para a vida (Mt 7:14). Da mesma maneira afirmou Paulo:

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. (1 Co 9:24-27)

Como povo escolhido de antemão por Deus, predestinado pelo Eterno, temos privilégio de conhecê-lo, assumindo o nosso papel de reino de sacerdotes. Entretanto, a função primordial deste relacionamento não é um modo egoístico de aquisição de conhecimento ou sabedoria, mas é manifestar o amor derramado em nossos corações por Ele, na vida das outras pessoas. É sermos reis nesta terra, praticando a justiça e o juízo ao próximo, o segundo mandamento, a segunda tábua da lei, os cinco últimos mandamentos principais de Moisés. Todavia, o que a manifestação do amor de Deus tem a ver com o conceito de nação santa e povo peculiar? Assim como o hebraico é a lingua principal e natural dos israelitas, o amor é a linguagem primordial de filho de Deus:

Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor. (...) E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. (1Jo 4:7-12, 16-21)

Lingua é a maneira pela qual o homem consegue se comunicar exprimindo sua vontade, seus sentimentos e seu conhecimento. Deus, por intermédio de Seu imenso e constante amor, enviou Seu único filho a favor da humanidade. Ele exprimiu a Sua vontade, Suas emoções e todo o Seu conhecimento no caráter de Jesus Cristo, sendo este a manifestação de Sua graça e de Sua verdade (Jo 1:14). A linguagem que Deus usou para se expressar ao homem foi o amor; é esse o mesmo idioma daqueles que são chamados filhos de Deus. A Igreja de Cristo tem a capacidade não somente de amar a Deus, mas também de amar o próximo como a si mesma. E é essa lingua do amor divino que ultrapassa as barreiras do pecado e manifesta em nós o verdadeiro caráter de Cristo! O amor de Cristo, na vida do crente, é o modo pelo qual somos reconhecidos por todo o mundo espiritual e natural como geração eleita, como reis e sacerdotes do Altíssimo!

Enquanto o povo e a língua é algo natural, inerente e implícito ao homem (todo ser humano tem uma origem e precisa se comunicar). O governo soberano é algo imposto, normalmente estabelecido por coerção seja baseado no poderio militar (de modo mais visível), ou de maneira sutil, mediante a imposição de leis e regras legais. Vários estudiosos consideram o Torá (mais específico o Pentateuco) como uma das primeiras Constituições estabelecidas por um povo da antiguidade, no caso, os hebreus. Cabe informar que Constituição em síntese seria, conforme Alexandre de Moraes: "lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, a formação dos Poderes Públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos" (Direito Constitucional, Ed Atlas).

À luz da Palavra, podemos concluir que, o Senhor, quando instituiu a Lei estava constituindo um Estado, estabelecendo sua estrutura, a formação do governo, distribuindo responsabilidades (competências), os direitos, deveres e garantias de cada hebreu. Através da Sua Palavra, regras para uma convivência saudável foram estabelecidas, entre Deus e o povo, entre o judeu e seus semelhantes. E principalmente, o Eterno estabeleceu o modo pelo qual a nação deveria adorá-lo e relacionar-se com Ele:

Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou. (Ex 20:1-11)

Coincidência ou não (pessoalmente não creio que seja) o termo "Senhor" é citado sete vezes neste trecho. Vale ressaltar que este é o cerne do relacionamento do israelita com Deus, pois representa o primeiro mandamento: "Amarás teu Deus, de todo o coração, de toda sua força, de toda sua alma e de todo o seu entendimento". E justamente aqui, o Senhor é citado plenamente, em toda sua perfeição, em toda sua soberania!

Existe, por conseguinte, um sentido mais profundo neste texto que está vinculado ao significado da expressão "Governo Soberano". Governo pode ser entendido como sendo o ato de gerir, reger, conduzir, administrar, dirigir, comandar. É o senhorio, é o domínio sobre algo, através do planejamento de ações, da orientação de meios, da organização de recursos, do controle e aferição dos resultados. Contudo o ato de governo pressupõe a autoridade para a tomar as decisões. Esta é a essência da soberania, a qual pode ser compreendida como a capacidade de um governo em exercer o domínio e controle sem se submeter a qualquer outro poder. Logo, Governo Soberano é a autoridade suprema, excelsa, acima de todo o poder e dominio, totalmente capaz de decidir o destino daqueles que lhe são subordinados.

Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre. (Dn 2:44)

O profeta Daniel revela a Nabudonosor uma profecia que diz que do seu reino sucederiam outros poderosos sobre a terra. Entretanto, uma pedra, não cortada por mãos humanas, esmagaria todos os reinos e dela sucederia um novo reino, soberano e sem fim. Esta pedra é aquela a qual os construtores rejeitaram (Sl 118:20), a pedra de tropeço e rocha de escândalo (Is 8:14); porém para todos os que crêem é preciosa, não fugirão, não serão confundidos e nem terão medo dela (Is 28:16). Ela será o seu fundamento e sua rocha. Alicerçados nela, todos serão um só povo, uma só construção:

Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito. (Ef 2:19-22)

Cristo é esta Pedra, a declaração de Pedro ("Tu és o Cristo!"). O Messias "cortado" pelo Eterno e enviado para ser o único a conciliar os ofícios de sacerdote e rei em Seu Santuário. Como sumo-sacerdote penetrou o Santo dos Santos dos Céus - a presença de Deus - ofereçendo seu próprio sangue a favor de todos os pecadores (HB 4:14); como Rei dos reis e Senhor dos senhores, seu nome foi exaltado acima de todo domínio, poder, principado e potestade (Ef 1:21). Logo, assim como primeiro Adão em seu queda perdeu a soberania e o domínio concedido pelo Criador sobre a terra (Gn 1:28), entregando-o à serpente, o príncipe deste mundo (Gn 3:17-18; Jo 14:30; Ef 2:2); aprouve Deus, enviar um homem, filho unigênito do Altíssimo, para resgatar das mãos do Diabo o domínio e o poder, devolvendo-o ao homem:

tendo sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos; e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos; e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; e, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz. (Cl 2:12:15)

Agora, através do Nome de Jesus, todo cristão tem a autoridade e domínio, tornando-se capaz para reinar, em Cristo, ainda nesta vida: "Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum"(Lc 10:19). Essa é a herança e recompensa dos filhos de Deus, os servos do Senhor, que nenhuma arma forjada contra o cristão prosperará e toda palavra que contender contra ele já está julgada, condenada e fadada ao fracasso (Is 54:17).

Embora tenhamos o poder de reinar, há uma condição para que a autoridade de Cristo possa fluir em nossas vidas: o Senhorio de Jesus. Somente quando o Corpo de Cristo se submete ao Cabeça, só quando o cristão é submisso ao senhorio de Jesus, como uma criança (Mc 10:15), a plenitude do reino de Deus o alcança. Porque, como dizem as escrituras, "todo aquele que se exaltar será humilhado, mas todos aquele que se humilhar será exaltado" (Lc 18:14). Enfim, o domínio sobre a terra foi conquistado por Cristo Jesus e somente por intermédio do Rei acima de todos nós, reis, e Senhor de todos nós, senhores, o reino de Deus torna-se manifesto em nossas vidas!

Outro elemento importante a formação de uma nação, o território, constitui a promessa, o objetivo estabelecido por Deus para Israel, o qual era a terra prometida. A terra em que mana leite e mel (Lv 20:24), onde a vitória seria alcançada. É interessante observar que jamais Deus afirmou a ausência de batalhas. O território estava cheio de outros povos fisicamente mais poderosos que a nação israelita. Porém, a promessa era que, um a um, seriam derrotados pelo Senhor, através das mãos dos guerreiros hebreus. Assim como o reino de Deus é tomado por esforço, Israel tomaria a força sua terra prometida. Analisando mais profundamente, o Povo de Deus erá a maneira pela qual Deus traria o juízo sobre aquelas nações idólatras, pois o tempo de misericórdia (quatrocentos anos) havia se encerrado:

Então disse (Deus) a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia. (Gn 15:13-16)

Para o povo de Israel, a terra prometida era a terra do descanso, na qual alcançariam enfim, a tão esperada paz (Js 1:13). Contudo, havia uma condição essencial para que o povo alcançasse o descanso: crer e obedecer à voz de Deus. E foi exatamente neste ponto que Israel caiu. Quando a nação estava às portas da terra, o Senhor provou sua fé enviando os espias àquela terra (Nm 13:1 - 14:38). Por causa do relatório negativo, a incredulidadede, enfim, sua desobediência, o Senhor afirmou que todos aqueles daquela geração "jamais entrariam em meu repouso" (Sl 95:11), exceto Josué e Calebe, homens de fé que mantiveram a certeza da providência divina.

E o que significa repouso? No momento em que Deus entregou os dez mandamentos, Ele institui o Sábado, o quarto mandamento, como dia de descanso. Neste dia ninguém poderia trabalhar, nem fazer atividade alguma, "shabbat", deriva do verbo "cessar". Qual é a razão de um mandamento tão peculiar? Era uma homenagem à ociosidade, à preguiça? Não! Deus quando criou o mundo fez todas as coisas em seis dias e no sétimo descansou. Ora, Deus ficou cansado? Não! Afinal, como declara Isaías (40:28), "não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga?" Ora, o princípio espiritual do dia de descanso não significa OCIO, mas CONFIANÇA, pois Deus de antemão já criou e estabeleceu todas as coisas, preparando-nos o caminho para que tanto os judeus, quanto os cristãos andassem nele!

Vale ressaltar que toda a Palavra de Deus testifica sobre Jesus, o Cristo: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam" (Jo 5:39). Sendo dessa maneira, em última análise, o shabbat uma prefiguração do que viria a ser o propósito da salvação em Cristo, o descanso tão esperado pelo homem! Enquanto terra prometida para o povo hebreu era a esperança de repouso, para nós Cristo é a esperança de paz, a esperança da glória!

Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mt 11:27-30)
Ora, do mesmo modo que Abraão foi forasteiro e peregrino na terra, aguardando pela a fé a terra da promessa (Hb 11:9-10,13), não somente a física, mas principalmente a celestial, nós, crentes, esperamos em Cristo, com plena certeza da salvação pela graça, a verdadeira cidade de Jerusalém que vem dos céus, o nosso real descanso:

E VI um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. (Ap 21:1-7)
Sabemos que somos mais do que vencedores EM CRISTO JESUS (Rm 8:37). Porque todo aquele que Nele crê já venceu o mundo (1Jo 5:4-5). Por conseguinte, nada que fizermos neste mundo vai nos tirar esta bênção, pois somos filhos, NADA pode nos separar do Seu amor (Rm 8:39)! Isso não nos dá a liberdade de pecar, porque também estamos cientes que temos uma responsabilidade de manifestar o amor de Deus, praticando o juizo e a justiça pela Palavra. Deus é justo e disciplina aqueles a quem ama (Hb 12:6), seja nesta vida, seja no porvir.
Pelas palavras inspiradas de Paulo, somos chamados de cidadãos de uma pátria celestial (Ef 2:19; Gl 4:26) e embaixadores de Cristo (2 Co 5:20). Para ele somos tesouro, um vaso de misericórdia, por fora de barro, mas por dentro cheios da glória de Deus. Ora, um embaixador permanece em terra estranha enquanto é necessário para cumprir sua missão. O apóstolo Pedro conclui sua concepção de cristão individual e coletiva - raça eleita, sacerdócio real, nação santa e povo de propriedade exclusiva - com a Finalidade de "anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz" (1 Pe 2:9b ). Sendo membros do Corpo, predestinados antes da Criação, originados de uma natureza divina, transformados a imagem de Cristo, sendo ministros e despenseiros do Evangelho, sacerdotes e reis, nação separada para Ele, temos o privilégio de apresentar ao mundo o Seu amor, manifestando ao próximo a Sua gloria. Este é o papel fundamental de cada cristão, a missão de cada um de nós:
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém (Mt 28:19-20)

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